O projeto que vamos apresentar hoje trata da concepção e construção de uma sede para a Comunidade Quilombola Colônia do Paiol, em Bias Fortes – MG, que convive com a dificuldade de manter os moradores no local por não dispor da melhor infraestrutura, separando famílias e enfraquecendo a cultura local. A sede sanaria esses desafios, utilizando-o para atividades econômicas, lazer e aprendizado através de uma solução completa que abrange desde os projetos mais iniciais como levantamento topográfico, projetos arquitetônico, elétrico e hidráulico até o gerenciamento e acompanhamento da obra que vai concretizar essa conquista, que é motivo de muito orgulho e felicidade para nós de estarmos impactando mais pessoas com o nosso trabalho. A obra se encontra na etapa de acabamento e vamos mostrar aqui detalhes deste sonho sendo realizado! Serão 800 pessoas impactadas e 9 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU atingidas por esta solução!
A formação de comunidades quilombolas foi um fenômeno que ocorreu durante meados do século XIX na colônia portuguesa nas Américas. Muitas dessas comunidades sobrevivem conscientes de sua ancestralidade negra e historicamente oprimida, mantendo total ou parte dos seus costumes, organização social, tradições locais, religiosidade e identidade, mas outras têm dificuldades de subsistência e de resistir à influência cultural globalizada exercida nos dias atuais. Essa comunidade quilombola não foge disso. A ocupação teve sua origem por volta de 1890 na doação de terras de um fazendeiro da região para 9 de seus ex-escravos alforriados. Com cerca de 800 moradores atualmente, todos descendentes herdeiros das terras, a comunidade possui associação de moradores organizada e unida, parte dos costumes mantidos e vestígios da ocupação colonial com algumas construções de pau a pique e adobe.
O projeto se iniciou com a realização de visitas pelas equipes de arquitetura, engenharia e os engenheiros responsáveis pela execução, com o intuito de tirar as primeiras percepções do local. Após a visita, a equipe se reuniu para discutir detalhes que impactam diretamente na execução da obra, como a complexidade do terreno, a estrada de terra até o local da obra, que poderia encarecer ou dificultar a entrega de materiais, e a mão de obra disponível no local.
Analisar esses fatores, com a equipe responsável, antes mesmo de iniciar os projetos arquitetônicos é fundamental para o sucesso da obra, principalmente quando se possui um orçamento já definido e inflexível, que nesse caso, fora uma verba destinada à Comunidade Quilombola Colônia do Paiol pelo Ministério Público do Trabalho, para a construção da sede. Além do que foi citado, um projeto arquitetônico analisa diversos elementos, um deles é a orientação solar, para saber mais, confira nosso post sobre a Influência do Clima na Construção Civil.
Durante a etapa de projeto, principalmente o arquitetônico, foram realizadas reuniões com a equipe responsável pela execução da obra, a fim de garantir o alinhamento entre o projeto e o orçamento disponível. Dessa forma, a equipe se atentou para indicação de materiais disponíveis na região, custo-benefício, eficiência e identidade com a Comunidade. Possuir uma equipe alinhada é uma grande vantagem para o sucesso de uma obra, assim como ter projetos compatibilizados de maneira ágil, acesse esse post para saber mais!
Logo no início do projeto pôde-se perceber que a nova construção tende a ter grande impacto na economia local e fornece novas alternativas para a manutenção dos moradores, como o incentivo ao turismo cultural e a produção culinária artesanal.
O projeto em si contém um salão que servirá para palestras e recepcionar visitantes, uma cozinha com espaço e estrutura suficientes para a fabricação de produtos artesanais, uma pequena despensa para guardar os alimentos e dois banheiros com chuveiro sendo um deles acessível para pessoas com mobilidade reduzida. Externamente serão reservadas vagas para carros na entrada e será previsto um espaço para a futura loja de produtos que a comunidade produzir.
Na forma do modelo arquitetônico, foram usados métodos construtivos simples e para manter uma identidade próxima às construções locais e, em especial, o uso do tijolo de adobe em parte das paredes de vedação, por ser um método sustentável com tijolos feitos in loco e que retoma uma técnica de construção colonial que pode ser reaprendida pela comunidade e replicada, contribuindo para o resgate cultural da comunidade.
O projeto para a Sociedade Quilombola Colônia do Paiol é muito especial, devido ao fato de possuir uma solução completa para a sociedade, desde a elaboração dos projetos até a execução, além de todo o impacto gerado na região. Com o projeto arquitetônico e os complementares prontos, foi efetuado um reconhecimento do local pela equipe responsável da execução para a elaboração de um cronograma de etapas e serviços, fundamental para você entender os gastos da sua obra.
Para facilitar a comunicação e o cumprimento das etapas do cronograma, a Porte entrou com o serviço de gerenciamento e acompanhamento da obra, o qual visa garantir que os projetos sejam executados de forma correta em conjunto com os engenheiros executores, confira aqui a importância do gerenciamento de obras.
Portanto a execução dos projetos da colônia do Paiol vêm sendo realizada por dois engenheiros, responsáveis pela execução, junto a uma dupla de projetista da engenharia civil da Porte Empresa Júnior, encarregados por acompanhar a obra. Os projetistas e engenheiros cuidaram da contratação da mão de obra local, compra de materiais, fiscalização da qualidade e tempo de execução das técnicas construtivas e instalações em todas as etapas e otimização do uso de materiais e canteiro de obra.
Na construção da sede da Sociedade Quilombola a mão de obra contratada foi local, própria da Colônia do Paiol, a fim de ajudarmos a economia e gerar renda para as pessoas da comunidade, isso foi um ponto positivo, pois garante agilidade à obra, principalmente na fase inicial.
São realizadas visitas quinzenais pela dupla de projetistas responsáveis pelo acompanhamento, além da realização de relatórios mensais, descrevendo tudo o que aconteceu na construção durante aquele mês.
Atualmente a obra se encontra na fase de acabamento, faltando pouco para a entrega da sede, graças ao acompanhamento da obra, por meio dos cronogramas de etapas e a boa comunicação entre projetistas e engenheiros executores, conseguimos chegar em soluções que contribuíram para a viabilidade da obra. Por fim, toda a experiência desenvolvida tanto na realização dos projetos quanto no acompanhamento e gerenciamento da obra é grandiosa para a formação profissional e pessoal dos membros projetistas envolvidos e contribuirá para a realização de um dos sonhos comunidade com a valorização da história e cultura da região.
Por Denilson Venancio e Laís Moraes.
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